IV Domingo da Quaresma (A)
CRER PARA VER
LECTIO DIVINA – Um Roteiro
0. Preparo-me
Procuro um lugar adequado e uma boa posição corporal. Respiro lenta e suavemente.
Silencio os pensamentos. Tomo consciência da presença de Deus, invocando o Espírito Santo.
1. O que diz o texto
- Leio pausadamente Jo 9,1-41.
- Sublinho e anoto o mais significativo.
Jesus cura um cego. Esse gesto desencadeia uma sucessão de interrogatórios que leva, uns e outros, a tomarem posição. O curado, além da visão física, chega à fé em Jesus.
2. O que me diz Deus
- Que pensamentos e sentimentos despertam em mim esta passagem?
O evangelista João fala em sinais, em vez de milagres. Esta passagem corresponde ao sexto sinal e remete para o prólogo do mesmo Evangelho: “A luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram apagá-la”. Agora Jesus assume: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não anda nas trevas, mas possuirá a luz da vida”. O centro do relato não é o milagre mas a caminhada interior que o cego realiza até reconhecer essa luz em Jesus. Em tempos de incerteza, é a mensagem oportuna: viver da fé e não do medo.
3. O que digo a Deus
- Partindo do que senti, dirijo-me a Deus, orando (de preferência com palavras minhas).
Senhor, onde procuro culpas e culpados, vês ocasião de manifestar o bem, a obra de Deus. Onde vejo pecado, só vês oportunidade para a Graça. Por isso, eu Te peço: cura o meu olhar para não julgar mas, antes, perceber o bem a fazer.
Como no relato, sou tentado a questionar tudo e todos. O perigo é não me interrogar a mim mesmo e não formular a pergunta essencial: quem és Tu para mim?
O cego teve de percorrer o longo caminho interior da fé. Senhor, concede-me a graça de usar os desafios da fé (dúvidas ou resistência dos outros) como degraus para chegar a Ti e a coragem de afirmar diante de todos o quanto és importante na minha vida.
Em todas as circunstâncias, saiba eu tomar a decisão certa: a de crer para ver, em vez de teimar em cegueiras preconceituosas, só para não destoar da maioria ou com medo de arriscar na tua novidade. Também eu quero afirmar: eu creio, Senhor!
4. O que a Palavra faz em mim
- Contemplo Deus, saboreando e agradecendo.
Senhor, Tu és a luz que cura a minha cegueira. A Ti procuro e quero seguir. Por isso, louvo-Te e agradeço todos os momentos em que me iluminas e restauras a fé.
Inspira-me o que esperas e mereces de mim. Apoiado em Ti, comprometo-me em algo oportuno e alcançável, crescendo na minha relação diária conTigo e com os outros.
PROVOCAÇÕES
- Tenho um coração (olhar) aberto ou fechado, a Deus e ao próximo?
- Sou dos que querem ver ou dos que acham ver, julgando os outros?
- Quais são os riscos que a minha fé precisa enfrentar para se afirmar?
UM PENSAMENTO
“Não busco compreender para crer, mas creio para compreender.” (Santo Anselmo)
UM DESAFIO
Pedir ao Espírito Santo a graça de ver tudo com os olhos de Deus.
UMA ORAÇÃO-POEMA
De quem será a culpa, Senhor?
Questionam eles. Pergunto eu.
E Tu, abrindo janelas ao amor,
avistas a aurora no seio da noite.
Amassando vida e terra, recrias.
Fazes dum penitente das trevas
um caminhante sedento de luz.
Vai! Ele foi, lavou-se e ficou a ver.
E eu, com meu pandémico medo
ou, de orgulho, não querendo ver
que aí, no coração da noite, estás
pedinte do meu “Eu creio, Senhor!”
UMA CANÇÃO
Delirious – I was blind
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