Primavera 95 - VANIA MOïSSEIEFF

A 16 de Julho de 1972, VANIA MOïSSEIEFF (ou IVAN, segundo a nossa fonética), um jovem de 20 anos, foi torturado até à morte pelos seus chefes militares. VANIA MOISSEIEFF CópiaAssinou com sangue o seu amor por Jesus. O corpo foi entregue aos pais com a indicação de “asfixia por afogamento” como justificação do óbito. Contudo, a autópsia, exigida pela família, revelou outra realidade: a morte sucedeu por causa de uma série de violências.
Vania nasceu em 1952, na atual Moldávia, na altura pertença da Roménia. Essa região, depois de anexada à URSS, foi submetida à desnacionalização e à descristianização. Filho de uma família evangélica baptista, Vania foi chamado a cumprir o serviço militar em 1970 pela União Soviética.
Na sua comunidade, pregava o evangelho com alegria e convicção. Seu impacto era grande junto dos outros jovens. Depois de mobilizado, em Kertch, na Crimeia, decidiu continuar com o seu testemunho no seio do exército. Mas a hostilidade à religião do ambiente militar era grande. Porém, isso não o inibiu.

Todas as manhãs rezava durante duas horas, chegando mesmo a atrasar-se para o pequeno-almoço, pois não olhava para o relógio… Assim passaram dois meses.
“E chegou o dia em que a minha fidelidade ao Senhor foi posta à prova”. Quiseram obrigá-lo a renunciar às suas convicções cristãs, punindo-o. “Aceitava tudo e regozijava-me… Era Deus que eu ouvia sempre, não os homens…” Sucederam-se castigos. Era obrigado a trabalhar de noite. Ficou sem alimento durante cinco dias, pensando que ficaria doente. “Mas não adoeci, porque rezava.” Mais tarde, durante o inverno de 30 graus negativos, foi punido ficando de pé, na rua, em roupa de verão, durante várias noites. “Mas eu não sentia frio… Eu rezava o tempo todo.”
Seu exemplo converteu alguns companheiros, o que enfureceu mais ainda seus superiores. Consciente do perigo que corria, gravou numa cassete áudio tudo quanto teve de enfrentar para que a verdade fosse conhecida. Foi enviado para um campo especial, em Sverdlovsk onde foi encarcerado em sucessivas celas de tortura: ora com água fria a cair continuamente do teto, ora onde as paredes congelavam, ou ainda num fato especial de borracha que enchiam de ar para comprimir o corpo com a pressão. Ao fim de doze dias desistiram… porque ele não vergou.
Mandaram-no de volta para Kertch, onde seria afogado pela força. Quiseram assim calá-lo definitivamente e disfarçar as demasiadas marcas de tortura.
Nas suas últimas cartas à família, escreveu: “O Senhor mostrou-me o caminho e eu devo segui-l’O… Mas ignoro se poderei regressar vivo, pois o combate atual é mais duro… Terei de manter uma luta muito mais áspera que a anterior, sem ter medo: Jesus caminha à minha frente. É porque amo Jesus mais do que a mim mesmo que lhe obedeço… Não me guiarei pela minha vontade, mas pela do Senhor.”
“Sendo soldado, trabalho para o Senhor. Mas passo por dificuldades e provações. Jesus Cristo mandou que pregássemos a Palavra da Vida onde quer que nos encontrássemos, no regimento, aos oficiais, aos soldados.”
“Estou triste por vos deixar, mas lembro-me de uma coisa: parto para cumprir a ordem de Cristo…Devemos mostrar como deve viver e ser um cristão.”

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