Primavera(s) de Deus

  • Explicação

    Maria, figura central da próxima Jornada Mundial da Juventude, é o primeiro sinal da Primavera de Deus, no inverno da humanidade. Como no-lo recorda o lema da JMJ, partiu “apressadamente”, porque essa Primavera, anunciada pelos profetas e ansiada pelo “povo que habitava nas trevas” (Mt 4, 16; Is 9,1) não podia mais ser adiada: tinha de contagiar outros, como mais tarde fará seu Filho Jesus, pelos caminhos da Palestina.

    Passados dois milénios, o inverno persiste (conflitos, desigualdades e injustiças). Porém, tampouco essa Primavera deixou de dar sinal de si, da sua presença atuante.

    Propomo-nos descobrir e conhecer “rostos jovens” de Deus. Jovens que foram Flores e frutos de fé, testemunhando a alegria e a paz dos filhos de Deus, em situações extremas de sofrimento ou na defesa da pureza; flores e frutos de esperança perseverante no longo inverno persecutório da fé, em tantos lugares do planeta e ao longo da história; flores e frutos de caridade que perfumaram a humanidade, na entrega das suas vidas pela dos outros, mais pobres ou vulneráveis da sociedade, em defesa da verdade e da justiça.

    São raparigas e rapazes de 4 continentes, dos séculos XX e XXI. Uns, cristãos desde o berço, outros, conversões extraordinárias, onde e quando menos era espectável. Todos morreram cedo, mas marcaram o seu tempo e seus conterrâneos, porque todos frutos maduros. Assim são as Primaveras de Deus.

    Desafiamos-vos, ao longo deste ano, a conviverem com eles: tomai-os como companheiros de vida cristã, mestres com quem aprender, amigos espirituais em quem colher inspiração e a quem orar, pois a maioria é venerável ou beatificada.

PRIMAVERA 8 - Salvo D'Acquisto

A 15 de outubro de 1920, nascia SALVO D’ACQUISTO, em Nápoles.SALVO DACQUISTO
Incorporado entre os carabinieri, pouco antes do início da II Guerra Mundial, oferece-se como voluntário para combater na Líbia. Ferido, regressa à Itália, termina a instrução para oficial e é enviado para a região de Torrimpietra, zona pouco segura que separa a região norte italiana ocupada pelos alemães e o sul do país nas mãos das tropas americanas que avançam inexoravelmente. Homem do dever, Salvo é, antes de mais um cristão convicto. Da sua família, herdou uma fé sólida e uma grande generosidade. Alia coragem, determinação, lealdade e um sentido apurado da honra. Todas essas qualidades valeram-lhe a consideração dos seus superiores, o respeito dos seus homens e uma real popularidade entre os habitantes locais. Todos conhecem a sua piedade pela sua participação regular na eucaristia e não tem vergonha de afirmar a sua fé.
Em Setembro de 1943, uma explosão rebenta numa antiga instalação militar, nas redondezas. Dois soldados do exército alemão, que ocupa já a região, morrem e outros dois são feridos. Evoca-se, então, um atentado que nunca será provado. Em represália os germânicos prendem 22 residentes, ameaçando-os de serem fuzilados.
Salvo D’Acquisto, provisoriamente no comando dos carabinieri, é intimado a designar o responsável do atentado. Salvo, calmamente, tenta explicar aos alemães que se tratou de um acidente e, por isso, nenhum deles é culpado. Como resposta e golpeado e insultado.
Os detidos são coagidos a cavar as suas próprias covas. Todos serão executados. Perante isso, Salvo pede para ser ouvido pelo oficial alemão. Alguns instantes mais tarde, os reféns são libertados. O brigadeiro italiano coloca-se, entretanto, diante do fosso cavado. Imediatamente é abatido. Fiel à sua fé – “não há maior prova de amor que dar a sua vida pelos seus amigos” (Jo 15, 13) – e em perfeita coerência com o seu ideal e tradição gloriosa dos carabinieri italianos, Salvo D’Acquisto ofereceu-se para assumir a responsabilidade do atentado, contanto que os reféns fossem libertados.
A 15 de Fevereiro de 1945, Salvo D’Acquisto recebe a título póstumo a medalha de ouro do valor militar pelo “seu exemplo luminoso de altruísmo, levado ao extremo renunciando à sua vida”. Entretanto, soube-se que a explosão fora acidental.
A reputação de santidade de Salvo ultrapassou rapidamente a fama de herói. Tornou-se uma das figuras mais amadas pelos católicos italianos, particularmente dos jovens. A causa de beatificação foi aberta na qualidade de mártir da caridade. Os seus restos mortais repousam na basílica de Santa Chiara de Nápoles e o seu túmulo é alvo de numerosas peregrinações.

  • Visualizações: 342

PRIMAVERA 9 - Maria Goretti

A 16 de outubro, nascia na Itália, MARIA TERESA GORETTI, filha de um casal de agricultores pobres.MARIA GORETTI Cópia
Sua infância não foi distinta dos muitos trabalhadores rurais que tiveram que deixar suas terras para buscar sustento em outros lugares: analfabetismo, desnutrição, trabalho pesado desde cedo, numa vida extremamente difícil e miserável. Mas a família manteve-se unida, na fé e no amor profundo por Deus.
Ficando sem pai, aos 9 anos, Maria Goretti cozinhava, limpava a casa e cuidava de sua irmã menor, enquanto sua mãe e irmãos maiores trabalhavam nos campos. Partilhavam a casa com a família Serenelli, cujo filho Alessandro viria a ser o responsável da sua morte prematura, poucos anos depois.
Alessandro, então com 20 anos, pretendendo favores sexuais, assediou Maria Goretti, com 11. Ela, porém, não se submeteu, recusou as suas investidas, mantendo-se resoluta em não pecar contra a castidade. Obcecado, o rapaz tentou de tudo. Frustrado, acabou por apunhala-la diversas vezes.
Levada para o hospital dos Irmãos de São João de Deus, Maria Goretti agoniza, mas mantém-se consciente. Repetidamente, repete: “Pobre Alessandro. Ele vai para o inferno. Pobre Alessandro.” Visitada pelo pároco que lhe recorda o perdão de Jesus na cruz, a jovem diz querer fazer o mesmo ao seu agressor. Mais, diz que o quer ter ao seu lado, no paraíso. Esgotada, morre no dia seguinte, a 6 de julho de 1902.
Sua morte causou grande impacto na região. Seu funeral congregou ricos e pobres das redondezas.
Alessandro foi condenado a 30 anos de prisão. No início, arrogante, negou a culpa e vitimizou-se. Após 8 anos, teve um sonho, no qual viu-se num jardim com Maria Goretti. Esta, de vestido branco, colhia lírios que lhe ofereceu de seguida. Já em seus braços, os lírios começaram lentamente a brilhar, como chamas de velas. Foi então que ele percebeu que Maria Goretti lhe tinha perdoado. Esta certeza mudou-lhe a vida. Arrepende-se. Pede perdão à família, esperando-o de Deus. Saído da prisão, foi implorar o perdão da mãe de Maria. Depois disso, retirou como jardineiro de um mosteiro isolado, onde viria a falecer, com 82 anos. Suas últimas palavras foram: “Vou estar com a Maria.”
Maria Goretti foi canonizada em 1950, pelo papa Pio XII. Estavam presentes sua mãe, irmãos ainda vivos e Alessandro Serenelli.

  • Visualizações: 328

PRIMAVERA 10 - Jerzy Popieluzko

A 19 de Outubro de 1984 era raptado JERZY POPIEŁUSZKO, um sacerdote polaco.JERZY POPIELUSZKO
Seu corpo foi reencontrado dez dias depois. A autópsia confirmou espancamento até à morte. Entre 300 e 350 mil polacos assistiram ao seu funeral.
Nascido em 1947, desde jovem revela grande vivência de fé. Em 1972 é ordenado padre numa Polónia subjugada pelo regime totalitarista do comunismo soviético. No verão de 1980, começam as revindicações operárias. Por todo o país as fábricas são ocupadas. Os grevistas, profundamente católicos, reclamam sacerdotes que os assistam. O padre Jerzy é nomeado capelão numa das unidades metalúrgicas. É aí que, diz ele, “nasceu em mim a necessidade de permanecer com eles.” Para ele, “o dever do padre consiste em estar junto do povo quando este ressente essa necessidade, quando ele é ofendido, prejudicado, maltratado. Pois existe sempre sofrimento e medo onde os direitos humanos não são respeitados.”
Apesar de tantas situações injustas e de intolerância por parte dos poderosos, o Pe. Popiełuszko não cede à tentação da violência: “Não luteis pela violência, ela é um sinal de fraqueza”. O lema da sua vida é retirado do Novo Testamento: “Não te deixes vencer pelo mal, vence o mal através do bem” (Rm 12,21). A todos apelava: “Rezemos para nos libertarmos do medo e das ameaças e, sobretudo, para nos libertarmos de todo o sentimento de ódio e de vingança”.
Este padre, franzino e de saúde frágil, tornou-se gigante pela sua ação evangelizadora e solidária com o seu povo e um tremendo incómodo para o regime. O preço era o “caminho da sua cruz”, como costumava dizer. Caluniado, aliciado e, finalmente, ameaçado pelo poder político, Jerzy Popiełuszko sente-se reforçado na sua missão de a todos anunciar a Palavra libertadora do Evangelho. Consciente mas destemido dirá: “Para permanecermos livres espiritualmente, temos de viver na verdade.” Ficaram famosas as suas “missas pela pátria” que juntavam milhares de fiéis, onde o P. Jerzy incluía Deus nos problemas difíceis e dolorosos do país. Não era política, mas anúncio de fé e esperança e denúncia das injustiças humanas.
Tinha dito: “se tivermos de morrar, é preferível encontrarmos a morte ao defender uma causa digna do que instalados e permitindo que a injustiça aconteça. Assim aconteceu.
Lech Walesa, fundador do famoso Movimento e sindicato “Solidarnsoc” (Solidariedade), disse no dia do funeral: «Solidarnosc vive porque ofereceste-lhe a tua vida. Jamais nos submeteremos ao terror… Juramos sobre o túmulo do Padre Jerzy que jamais esqueceremos o seu sacrifício».
Na sua 1ª visita, em 1979, João Paulo II afirmou aos polacos: “Peço-vos que assumais a herança espiritual que tem por nome Polónia, de jamais duvidar, de jamais desanimardes, de jamais desistir.” O Padre Jerzy ouviu e cumpriu, com a sua vida e a sua morte, a máxima do Evangelho: “A verdade vos libertará”…
O P. Jerzy foi beatificado em 2010.

  • Visualizações: 306

PRIMAVERA 11 - Claire de Castelbajac

A 26 de outubro de 1953, nasceu CLAIRE de CASTELBAJAC.Claire Castelbajac IEV 1 Cópia
Esta jovem só precisou de 21 anos para descobrir o caminho da felicidade dos filhos de Deus. A causa de beatificação foi introduzida em 1986, onze anos após a sua morte, ocorrida a 22 de Janeiro de 1975.
À primeira vista, sua vida nada tem de extraordinário. Cresceu e viveu na pacata região rural de Gers, na França, antes de iniciar estudos em Roma, em restauro artístico. De temperamento jovial, atenta às necessidades dos mais desfavorecidos, Claire iluminou seu caminho com uma fé desperta e uma alegria contagiante. Mas também teve as suas dificuldades: uma saúde frágil e um período romano conturbado, no seu início. Claire, para não perder o seu rumo, regressou à sua fonte: conhecer e dar a conhecer Deus.
É isso que a torna, para todos, um modelo atraente de santidade. É nas pequenas coisas do quotidiano, felizes e dolorosas, que nos encontramos de verdade com Deus e com os outros. Como qualquer jovem, Claire foi caminhando na descoberta de si própria, no confronto com os seus sonhos e tentações. Em ambos, soube dar primazia a Deus, testemunhando ao seu redor a felicidade de se sentir amada por Ele. Dizia ela: “Eu quereria dar felicidade a todos aqueles que aproximo e semear a alegria. A pequena Teresa (Sta. Teresinha) esperava chegar ao céu para fazer felizes. Eu, quero fazê-los na terra”.
Nessa busca da felicidade dos filhos de Deus, não se poupando a nenhum esforço e sacrifício, não admira que, poucos dias antes de falecer de uma doença fulminante, confessasse à sua mãe: “Sou tão feliz que, se morresse agora, creio que iria diretamente para o céu, uma vez que o céu é o louvor a Deus e eu já estou nele”.
Claire ensina-nos que nada nos deve afastar da presença de Deus. Mais: prova-nos que mesmo sujeitos às influências e circunstâncias do nosso tempo, com os seus desafios e tentações, a santidade é possível. Inclusive, pode e deve ser um projeto de vida, desejado e concretizado por cada cristão.
Uma singela oração, escrita ainda adolescente, revela a sua preocupação em corresponder à vontade de Deus: “Jesus, diz ao nosso Pai que O adoro e que propagarei a sua glória o mais que possa; diz à nossa Mãe o quanto me esforço por imitar a sua pureza e a sua bondade; diz também ao Espírito Santo que tem de me ajudar a querer-Te cada dia mais. Obrigada e até amanhã!”
Por fim, este seu dito resume bem seu final de vida: “No fundo, o Amor é o único sentimento digno de Deus. Converter todas as coisas em Amor supõe já uma grande dose de santidade.”

  • Visualizações: 325

PRIMAVERA 12 - Guillermo Muzzio

A 1 de novembro de 2002, em consequência de infeções múltiplas após transplante de medula, falecia o jovem argentino GUILLERMO MUZZIO.GUILLERMO MUZZIO Cópia
Nascido a 25 de fevereiro de 1972, Willy – assim chamado pelos amigos –, desde cedo frequentou a Igreja. Aos 24 anos, encontra sua vocação: ingressa no seminário. Mas no final da década de 90, é-lhe diagnosticado uma enfermidade terminal.
Apesar disso, procurou viver a vida de seminário sem qualquer tipo de exceção, vivendo a doença com o seu habitual sorriso, sem dramatizar nem vitimizar-se. Assim viveu os três anos de tratamento. Continuou a prestar assistência apostólica a comunidades que lhe foram confiadas, marcando-as pelo seu testemunho alegre e pelo amor ao próximo. Quem o recorda lembra a sua profundidade espiritual e humildade, assim como a sua amizade fácil e leal. Como confidenciou ao pai, aspirava à santidade.
Antes da sua entrada no seminário, uma experiência de missão foi decisiva vocacionalmente. Aí aprendeu a misericórdia e o amor aos mais pobres.
Já no seminário, dedicou-se à oração pessoal com Deus, ao estudo (como forma de preparar-se para servir bem o povo de Deus) e à vida comunitária (como exercício concreto de caridade). Dizia ele: “Cada manhã, faço promessa de viver em santidade”.

  • Visualizações: 319

PRIMAVERA 13 - Theodore Romza

A 1 de novembro de 1947, morria envenenado por uma agente soviética, o jovem bispo ucraniano THEODORE ROMZA.teodor romza Cópia
Theodore viveu quase toda a sua vida na região dos Cárpatos (atual Ucrânia), mas num período tão conturbado da história que mudou por três vezes de nacionalidade. Nascido como súbito da dupla monarquia austro-húngara, foi ordenado padre na qualidade de cidadão checoslovaco, ordenado bispo como húngaro, antes de se tornar, por fim, cidadão soviético.
Dinâmico, espontâneo, mas reservado, a sua inteligência permitiu-lhe destacar-se nos estudos. Usa todas as suas qualidades ao serviço do seu desejo: ser padre greco-católico. Depois dos estudos feitos em Roma, regressa ao seu país e assume a paroquialidade de comunidades rurais. Aí exerce seu ministério em condições difíceis, por vezes perigosas, por causa do antagonismo entre católicos e ortodoxos. Experimenta a hostilidade e desprezo dos fiéis, a pobreza e solidão, mas sente-se feliz. Não se poupa em visitar as comunidades, mesmo que distantes e isoladas. Visita os doentes e os mais necessitados. Seus paroquianos guardaram dele a imagem de um padre piedoso, dedicado e corajoso, privando-se do necessário para socorrer os outros.
Em 1939, o território passa da administração checa para o controlo húngaro. O novo bispo pede-lhe que assuma a missão de professor e diretor espiritual no seminário de Uzgorod. Excelente pedagogo, é respeitado pelos seminaristas que apreciam seu humor e franqueza. É um modelo de padre: exigente, bom e aberto ao diálogo, de fé e humildade profundas e com grande amor à eucaristia.
Já em 1943, o exército vermelho russo ocupa o território, coincidindo com a morte do bispo. Apesar da sua idade, 34 anos, Theodore Romza é escolhido como seu sucessor, por causa da sua energia, atitude frontal ao encarar as situações com firmeza e paciência. Entretanto, a Ucrânia é anexada, iniciando-se uma ortodoxização forçada, com o objetivo de destruir a Igreja greco-católica. Theodore, apoiado pela população, resiste e enfrenta o regime, apesar das intimidações e ameaças. A sua atividade, na defesa do clero e formação de seminaristas, indispõe Moscovo. A sua eliminação é decretada. Mandatado por Khruschev, então responsável soviético na Ucrânia, seu atrelado é abalroado por um camião militar. Os soldados espancaram-no a ele e aos seus companheiros, abandonando-os inconscientes. Sobrevivente, é levado para um hospital onde, acaba envenenado, com a conivência do diretor pró-soviético. Tinha 36 anos.
Theodore Romza foi beatificado a 27 de junho de 2001, com outros mártires greco-católicos da Ucrânia.

  • Visualizações: 322

PRIMAVERA 14 - Olga Bejano

A 3 de novembro de 1963, nascia OLGA BEJANO DOMÍNGUEZ.OLGA BEJANO DOMINGUEZ
A sua vida constitui uma extraordinária lição de confiança, resiliência e luta.
Com 23 anos, contraiu uma enfermidade neuromuscular que deixou paralisado a quase totalidade do seu corpo. Durante 22 anos não pôde falar, nem ver. Respirava artificialmente e alimentava-se através de uma sonda. Por si mesma, só conseguia ouvir, pensar e sentir.
No entanto, encontrou um método para comunicar com o mundo: fazendo uns rabiscos, aparentemente incompreensíveis, com os impulsos do seu joelho, e que as suas enfermeiras aprenderam a traduzir lentamente em abecedário. Graças a este original sistema, Olga publicou com grande êxito quatro livros: "Voz de Papel", "Alma de cor salmão", "Os Rabiscos de Deus” e “Asas quebradas”. Este último, precisamente, era una lúcida reflexão sobre a grandeza e os limites do ser humano e, especialmente, sobre a capacidade de superação das pessoas.
Olga começou a ser mais conhecida quando o filme “Mar Adentro”, protagonizado por Javier Bardem no papel do tetraplégico Ramón Sampedro, consagrou a eutanásia como forma de acabar com o sofrimento. Olga e Ramón mantiveram uma breve correspondência. Desafiou-o a lutar não para morrer, mas para viver e conseguir melhores condições de vida e direitos devidos a pessoas descapacitadas.
A sua força, encontrou-a na fé. Quando lhe perguntavam quem mandava mais, se ela ou a doença, respondia inequivocadamente: “Eu, claro. A alma é mais forte que o corpo!”
Na última entrevista que concedeu, Olga referia: “Para mim a enfermidade não é nenhum presente. Os seres humanos são matéria e alma. A matéria pode deteriorar-se por muitas circunstâncias e se aceitamos a situação de forma positiva, pode ser uma oportunidade para madurar e crescer como pessoa humana e espiritualmente. Deus dá-me outro tipo de presentes pondo na minha vida uma equipa médica de cuidados paliativos fabulosa, um montão de amigos que sempre estão quando os necessito, minha família, etc.”
Como mensagem a todos, deixou estas palavras: “Desejaria gritar que valorizem a sua vida, que a saibam viver de uma forma sã, que vivam em paz e que saibam ser felizes com o que são e com o que têm. Que aprendam a ser felizes e assim poderão tornar felizes os outros. Não se pode dar o que não se tem.”
Quando, um dia lhe perguntaram – Que te faz viver, Olga? –, uma resposta simples: “Deus. Tudo o que sou, recebi-o d’Ele”. Ou ainda: Olga, és feliz? Categoricamente respondia: “Claro que sou feliz!”

  • Visualizações: 317