Ainda se fala de celibato?
Muitas vezes, vemos o celibato sacerdotal como uma mera “obrigação” a ter em conta quando o candidato escolhe o caminho sacerdotal e, portanto, somos levados a ver o celibato como algo que “vem na rifa” quando se é ordenado. Contudo, viver o celibato é muito mais do que não ter relações ou constituir família.
No passado dia 1 de Dezembro, as etapas da Configuração I e II reuniram-se com o diretor espiritual do Seminário Interdiocesano de São José para, no âmbito do ERES (Encontro de Reflexão sobre Espiritualidade Sacerdotal), discutirem sobre o celibato, as suas dúvidas e temores. Iniciámos este percurso apercebendo-nos de que, de forma muito geral, a nossa sociedade está a tornar-se cada vez mais sexualizada. E ainda que não nos apercebamos disso, a verdade é que desde a creche que o menino ou a menina têm de ter namorada/o. Será isto normal? Já não se olha para a relação como um compromisso sério e, por isso, em vez de casar o melhor é juntar e se não der resultado volta cada um para seu lado. O medo de assumir um compromisso está cada vez mais patente na sociedade e achamos tudo isto normal. E, portanto, o celibato é visto como uma “aberração” porque é uma opção de vida que renuncia aos apegos sexuais.
Para compreender o celibato é necessário, antes de mais, compreender a sexualidade. É sexual tudo o que deriva da condição masculina e feminina. É sexual todo o modo de reações, atitudes e comportamentos no relacionamento com pessoas do outro sexo. É genital aquilo que se orienta intencional ou dinamicamente a uma relação em que a excitação e o prazer genital desempenham um papel central e apreciável. O célibe define-se a si mesmo como alguém que assume e vive positivamente a relação sexual nos dois primeiros âmbitos e renuncia, em nome de uma opção religiosa ou outro nobre projeto de vida, a vivê-la no contexto genital. Por isso, o celibato não é uma abstinência, mas sim uma renúncia.
Mas, o celibato enriquece ou empobrece? O celibato priva de uma relação conjugal sã, gratificadora e generosa. Priva de uma profunda experiência paterna, motivadora e transformadora, mas desdobra a familiaridade, a oblatividade, a universalidade na relação e dedicação, a unidade entre desejo e projeto, e facilita a autonomia e reforça a capacidade de viver positivamente a soledade.
Agradecemos, desde já ao Padre Serafim Reis, por preparar este encontro que se vai prolongar ao longo do ano letivo, para que realmente se aprenda a verdadeira vivência do celibato ao longo da vida sacerdotal que cada um espera abraçar no futuro.
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